nada de lógica
hoje eu quero a história mais bem contada
pela boca mais desnivelada
que entrelace mentiras e verdades
Gritos e sussurros
frases onomatopáicas
Aliterações aceleradas.
Nada de paz
hoje eu quero o caos
o terrorismo poético
o cheiro das crianças selvagens
a pureza de arte sabotador
quero tudo numa fração
quero o quase nada
o pelo menos
quero nem que seja a brisa
de um roda-moinho
Carregar uns sacos plástico
fazendo folhas pairarem no ar empoeirado
quero um luar de sertão numa madrugada metropolitana
quero o cheiro de fumaça depois da ressaca
quero cheiro, quero sal, quero um quase tudo
quero a ressaca do abissal mistério da carne humana.
Contemplando o sensorial, redescobrimos a magia de ouvir o eco que sai de nós mesmos.
terça-feira, 9 de setembro de 2008
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
A arte de completar vinte anos.
João olhou o calendário e se assustou após notar como o tempo passava rápido. Sentiu o peso de duas décadas no fígado e no olhar cansado. Correu até a cozinha, juntou trigo, ovo, açúcar e margarina numa vasilha, bateu desajeitadamente até criar um calo num dos dedos. Untou uma fôrma e ascendeu o forno. Preparou um bolo com tanta ânsia que esqueceu da irrelevância da data. Sentado, esperava o longo processo de preparo. Aguardava o momento em que completaria 20 anos desde os 7 e agora tinha nas mãos a oportunidade da sua vida de provar que ela valia à pena, essa vida tão vazia que ele levava.
Conseguiu uns trocados com o pai e comprou refrigerantes e pasteizinhos. Arrumou a casa e esperou como um aposentado sentado na sua cadeira de vime. Bolo pronto, refrigerantes gelados à mesa (e ele até se arriscou em roubar umas cervejas do pai). Esperou como um magnata espera o resultado do seu investimento. O telefone tocou e ele correu. Não era ninguém do seu interesse, se irritava com seu irmão apenas pelo fato dele conhecer pessoas inconvenientes. João esperou como um monge preso a sua calma, encolhido na sua causa de ter um dia bom. Esperou com seus gestos impacientes, mexia a toalha da mesa, abria uma latinha de cerveja só pra ouvir o “tsss” característico. Secava o suor da mão e assoviava uma canção sem sentido. Esperava como quem espera a felicidade e o telefone tocou. Era uma voz demasiadamente doce que fez João se colorir de sorrisos e brilho no olhar. Ele desligou o telefone após o “parabéns” do outro lado da linha, e ele dava tanta ênfase ao seu latejar de pulso que sorriu bem alto. Olhou a janela e a rua estava vazia e mal iluminada, devia ser bem tarde pensou João, mas que pra ele mal importava horário e os costumes das pessoas. Saiu de casa porque sentiu vontade de urinar no meio da rua, e o fez com um sorriso sereno, quase infantil. Olhou o céu e uma lua tímida. Se deu conta de que viver extrapola os vinte anos e que, se ele vive é porque há um sentido, sabe lá onde, pra tal fato. Via-se uma criança em seu sorriso e nem se importava em estar sozinho, João era como ele mesmo dizia: calmo e só. Em nenhum momento alguém se atreveu a decifrá-lo, ele era só, tal qual suas vontades, que não possuíam ligação entre si.
Na rua só o som do apito preguiçoso do vigia do bairro, “deve ser bem tarde” pensou mais uma vez João, pra ele o relógio era o de menos, a festa de sua vida ia começar.
Conseguiu uns trocados com o pai e comprou refrigerantes e pasteizinhos. Arrumou a casa e esperou como um aposentado sentado na sua cadeira de vime. Bolo pronto, refrigerantes gelados à mesa (e ele até se arriscou em roubar umas cervejas do pai). Esperou como um magnata espera o resultado do seu investimento. O telefone tocou e ele correu. Não era ninguém do seu interesse, se irritava com seu irmão apenas pelo fato dele conhecer pessoas inconvenientes. João esperou como um monge preso a sua calma, encolhido na sua causa de ter um dia bom. Esperou com seus gestos impacientes, mexia a toalha da mesa, abria uma latinha de cerveja só pra ouvir o “tsss” característico. Secava o suor da mão e assoviava uma canção sem sentido. Esperava como quem espera a felicidade e o telefone tocou. Era uma voz demasiadamente doce que fez João se colorir de sorrisos e brilho no olhar. Ele desligou o telefone após o “parabéns” do outro lado da linha, e ele dava tanta ênfase ao seu latejar de pulso que sorriu bem alto. Olhou a janela e a rua estava vazia e mal iluminada, devia ser bem tarde pensou João, mas que pra ele mal importava horário e os costumes das pessoas. Saiu de casa porque sentiu vontade de urinar no meio da rua, e o fez com um sorriso sereno, quase infantil. Olhou o céu e uma lua tímida. Se deu conta de que viver extrapola os vinte anos e que, se ele vive é porque há um sentido, sabe lá onde, pra tal fato. Via-se uma criança em seu sorriso e nem se importava em estar sozinho, João era como ele mesmo dizia: calmo e só. Em nenhum momento alguém se atreveu a decifrá-lo, ele era só, tal qual suas vontades, que não possuíam ligação entre si.
Na rua só o som do apito preguiçoso do vigia do bairro, “deve ser bem tarde” pensou mais uma vez João, pra ele o relógio era o de menos, a festa de sua vida ia começar.
terça-feira, 8 de julho de 2008
Vícios e amparos.
Ando por aí, meio perdido, meio afastado do que me faz bem. Engraçado que andar é o mais antigo vício dos homens e que muitas vezes não se sabe pra onde se está indo. É entre um pé na lama e outro no chão que a revelação vem: você andou perdendo muito tempo, companheiro. Se martirizou por muita coisa que nem havia necessidade, trouxe a culpa do que não existia e quis dormir com ela até seus olhos não se abrirem mais. Aí então você ficou cego, não enxergou mais caminho algum e se prendeu a sua capacidade de ser domesticado. Ficou calado perante a grosseria do mundo porque és paciente. Nunca se libertou do que você não é...
agora, longe de tudo, anda fumando o que não deve, bebendo além da conta e procurando um caminho, não sabe qual. Se o velho ou outro mais recente. Se ainda tens aquela vontade de arriscar que sempre te faziam perder algumas bolas de gude quando criança, procura algo de novo, diferente e complexo, eu bem sei que esse é teu vício.
agora, longe de tudo, anda fumando o que não deve, bebendo além da conta e procurando um caminho, não sabe qual. Se o velho ou outro mais recente. Se ainda tens aquela vontade de arriscar que sempre te faziam perder algumas bolas de gude quando criança, procura algo de novo, diferente e complexo, eu bem sei que esse é teu vício.
-Foi o medo que me fez assim, eu tento me controlar, ter paciência,mas não consigo. é o medo que me faz assim.
-Já pensou em não culpar o que você não conhece?
-Eu tenho medo até que você não acredite em mim, é isso que está acontecendo.
-Você não sabe do que stá falando e procura uma saída mais fria para o seu orgulho. Admita que tem algo mais interessante por aí...
-Pára de falar e escuta!
-Admita que você vê mais graça na sua religião e em sorriso de outras pessoas. Você foi feliz até quando se interessou pela minha carne, quando isso acabou você me tratou como idiota!
-Idiota!
E lá se vai o amor quebrando pratos noite à fora...
-Já pensou em não culpar o que você não conhece?
-Eu tenho medo até que você não acredite em mim, é isso que está acontecendo.
-Você não sabe do que stá falando e procura uma saída mais fria para o seu orgulho. Admita que tem algo mais interessante por aí...
-Pára de falar e escuta!
-Admita que você vê mais graça na sua religião e em sorriso de outras pessoas. Você foi feliz até quando se interessou pela minha carne, quando isso acabou você me tratou como idiota!
-Idiota!
E lá se vai o amor quebrando pratos noite à fora...
quinta-feira, 1 de maio de 2008
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