sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

"Bom amor.."

saiu de casa balançando os braços e a preguiça que quis o deixar dormindo mais um pouco estava em seus passos lentos. Menino magrelo, face apática. Parou no carrinho e comprou uma tapioca, "com queijo por favor", ainda por cima um café e dois copinhos, ele esfriou colocando o conteúdo de um copinho para outro repetidas vezes. Café morno e a boca do menino branca de leite de coco, apressou o passo por causa do café, engoliu a tapioca sem muita dificuldade, passou a mão na boca, no cabelo, repuxou a camisa sem estampa para baixo e bateu a porta daquela casa no início daquela rua. Como de praxe naquele ano, o menino, exatamente as 17:15, escolhia uma rua aleatória para entregar seus cartões coloridos para quem atender a porta. Como o garoto sabia que não podia melhorar a vida de todos e também por ter consciência de seu escasso dinheiro, o menino produzia cartões suficientes para cada pessoa que atender a porta de cada casa em cada rua que ele escolhesse, com mais algumas palavras o menino desejava "bom amor" ao seu ouvinte que as vezes vinha de mau humor. Nada como um bom desejo pra melhorar o dia de alguém, e o menino tinha esse costume de querer melhorar o dia das pessoas a sua maneira e fazia disso seu prazer de fim de tarde.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Recortes de fim de tarde.

e de tarde
e benfica
e cai a tarde
no benfica.
meu bem
quem bem fica
não precisa ir embora
na melhor hora,
essa em que
choram homens
mulheres e meninos,
eu bem vou ficar
pra esperar o sol se
posicionar
entre mim e o horizonte
e esse pesar gigante
que faz a gente quase parar
pode cair, ir embora
quando a gente pensar
que a hora é de amor.
é agora
quando o sol alaranjar.
vou falar ao padeiro
que ele tem que cortar aquele bigode
e o futuro é pra quem pode
em nada pensar
quando a aurora virar
minha cabeça
dentro de mim
eu sempre vou pensar
nas respostas que nem estão por vir
e que inquieta
quem se diz poeta
numa completa
quebra
do turbilhão
do pensar difícil
do meu sifílico modo de enxergar,


a minha saudade...


vem com aquele sol se pondo...



.


Eu sempre me pergunto...



e nunca me respondo.



Sei que erro o erro dos humanos, mas nunca me sinto parte deles...


nessa hora, que a terra cora e Caetano canta pra não morrer de tristeza

é na sutileza que eu escorrego.


Se eu erro e não nego


é porque me entrego


ao alaranjado daquele sol,
à distância entre mim e o horizonte,


ao findar a tarde
vou ter esperança nas noites frias e solitárias
fazendo do clichê um detalhe,
da vida uma incerteza


vou depurar o tempo,
pra que ele nunca me pese sobre as costas.