domingo, 17 de agosto de 2014

O crime de um esquizofrênico

No dia que eu me disser poeta
Vou achar que já me achei
Aí deixo de ser poeta.

Quando começar a me achar poeta
Haraquiri
E menos um poeta.

Nem poeta eu sou por completo
Tendo contas a pagar
Uma vida comum a levar
Desejando sempre a mesma mulher
Que nunca vai ficar
E esperar eu fazer o café.

Nem poeta eu quis ser quando eu nasci
Nem meus poemas eu consigo decorar
e cantar numa roda.

Parece que são poemas abelhas
Que à mínima ameaça
Bate asa e numa ferroada
Ápis, centelha
Haraquiri
Num gesto rápido o texto sai
Ferroada na ponta do lápis
E dos dedos
Morri
Não há mais medo.

Acordo quase que de solavanco
E não olho, nem mudo
mudo
O que saiu foi parido
O que vai ser, está mantido

Entre o umbigo e o tudo.

domingo, 17 de novembro de 2013

Apressa.

Todo mundo pede pressa
Com pressa o tempo apressa e passa muito rápido
Compresso o tempo morto, com preço, absorto
Compressa pra vida rápida,
Sem poder parar pra cuidar da febre
As pernas cansadas, as almas estacionadas num lugar
Onde passa tudo, menos a vida
Que se move devagar

Tem gente com trinta com cabeça e coração de 15
Olhar de 20 e postura de quarenta.
Se precisar, o tempo a gente inventa
passar mais devagar

Sem pressa o apreço toma lugar
de onde a pressa sempre trata de cuidar
Sempre nessa, parando onde tiver de parar
E pensando, divagando devagar.

incompreender

É uma eterna busca. Quanto mais a gente acha que está no lugar exato, toda exatidão se esvai e não sobra mais quase nada. O que vão contar como seus são alguns acessórios, o cachorro que não ladra mais e toda uma vida que nos indispomos a viver. O sentimento é impalpável, mas é agora.

Procurando pela cidade um remédio para a culpa, uma noite em claro, duas noites que poderiam ser tantas outras, de tantas formas. Pelos becos da memória ainda fresca, perambula toda a vontade de ter feito as coisas de outra forma.


Enquanto as pessoas lhe olham com tanta curiosidade, lhe têm como peça de desejo e outras coisas que queriam que fosse, tudo anda num descuido só. O desapego pelas coisas e o apego nunca mútuo pelas pessoas faz tudo empoeirar-se. Encardido das idéias, ele deita em sono profundo, mesmo sem querer. As vezes o corpo pede, as vezes ele prega peça, no sentido das coisas o corpo quer é ensinar que estamos em estado de eterno aprendizado. 

Lembretes n.2

É bem mais fácil
dizer, sentir e pensar que ta tudo errado
Fazer as coisas pela metade
Sem se preocupar muito com o outro lado

É bem mais caro deixar o atalho
E esquecer que ao contrário
Ainda existe um canário que canta pra fora da gaiola
Que a nossa vida é de fora pra dentro da caixola

É mais complicado achar que é errado
E que o certo é o que cerca nossa vida
Bandida
E na comunidade a gente procura
Um certo que nos aceite
Que nos sejam ao menos o azeite
para um prato de comida

Pra evitar a ferida, a malha é de aço
Intransponível por um pedaço
Mas até diamante pode ser atravessado
Então, o esperado tem que ser o inesperado
O que não cabe na nossa cabeça
É o que faz da vida mais inteira

Não esqueça.

sexta-feira, 15 de março de 2013

"Amanheço no mar"


Por agora me vem a lembrança daquelas auroras frias
Por conta daqueles banhos de chuva na madrugada
Nossas roupas ainda molhadas permaneciam
Fazendo perder calor, não o calor dos amantes
Aqueles eram sempre aquecidos com o sol que era parido
Ali do horizonte.

Acordar de madrugada na estrada
A cabeça recostada da pessoa amada ainda dorme em seu colo
E como é bonito o rosto que adormece sereno.
Olhar as gotas de orvalho que passa depressa não engana
Entre a manhã e a madrugada hora exata e depurada
Pra um coração que ainda ama.

Entre os corpos e aquela escuridão que cessa
Existe um só corpo que se abraça
Pra não senti r frio, pra não perder o fio da meada

O som do mar que bate nas pedras ainda ameaça
E traz com ele aquelas lembranças de vidas passadas
De mouros que não sabiam que sentir aquilo era saudade
De moças que esperavam, Iracema e dona Marta
A hora ainda a ser depurada

Peneira de lembranças, como se entrasse no mar eu me despi
E corri
e pulei no mar sem nem me molhar
É como um banho na alma
Lembrar a vida sem peso
Sentir que ela vale o apreço de quem vai nadar contra a enxurrada

Quem ouve o som da água e sente as pancadas
Como aquele caranguejo eu me agarro as pedras
E por um momento o mar não me deságua
Faço o peso e o contrapeso pra me manter na estrada

A vida é como um rio? A vida é como água.
Que toma forma e se transforma na próxima parada.

A vida é como um cio? A vida é como mágoa.
Que chega sem aviso e vai embora pra outra morada.

A vida é o vazio? A vida pode ser o nada.
Depende de quem você espera no alvorecer da madrugada.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Por todas as coisas que dizemos sem necessidade. Por alguém necessário. Por ausências cotidianas. Por janelas. Por onde vemos passar todo o cinza da fumaça e da vida. O ponto no fim é só uma tentativa de passar o que não passa, o que não chega e o que não fica.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Dentro de mim tudo dói

Tudo dó e mi

Tudo na MesMIce

Tenha dó

Tenha mi

Chega a dar

Dó de mim